Inadimplência empresarial no Brasil atinge nível histórico
A inadimplência entre as empresas brasileiras bateu mais um recorde preocupante. Segundo dados divulgados pela Serasa Experian, o número de companhias negativadas chegou a impressionantes 7,3 milhões em março de 2025 – o maior da série histórica do Indicador de Inadimplência das Empresas. No mês anterior, esse número já era alto: 7,2 milhões de empresas inadimplentes em fevereiro.
Mas o que mais chama atenção é o valor total das dívidas, que disparou para R$ 169,8 bilhões – também um recorde! Em fevereiro, esse número já era alto: R$ 164,2 bilhões. Ou seja, em apenas um mês, as empresas contraíram mais de R$ 5 bilhões em novas dívidas.
Setor de serviços lidera entre os inadimplentes
A maior parte das empresas com nome sujo está no setor de serviços, que responde por 53% do total. Logo atrás vem o comércio (34,8%), seguido da indústria (8%). O restante está dividido entre setores financeiros, terceiro setor e agronegócio.
Essa distribuição faz sentido: o setor de serviços é o que mais tem micro e pequenas empresas, que são justamente as mais afetadas pela alta de juros e dificuldade para conseguir crédito.
Micro e pequenas empresas: as mais atingidas
Das 7,3 milhões de empresas inadimplentes, 6,9 milhões são micro e pequenas. Isso representa a imensa maioria do total. Esses pequenos negócios acumulam mais de 48 milhões de dívidas, que somam nada menos que R$ 146,2 bilhões!
Segundo a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, o motivo é simples: esses empreendimentos têm menos capital de giro, maior dependência de empréstimos bancários e pouca margem de manobra pra lidar com oscilações da economia. Em resumo: qualquer instabilidade já complica tudo pro pequeno empreendedor.
Juros altos e pouco crédito agravam a situação
Os juros elevados e a falta de acesso a crédito são apontados como os principais vilões dessa inadimplência recorde. Isso cria um ciclo vicioso: a empresa atrasa uma conta, fica com o nome sujo, perde acesso ao crédito e acaba contraindo novas dívidas.
O cenário é especialmente complicado para quem está tentando manter o negócio de pé após crises recentes, como a pandemia e a inflação elevada.
Estados com maiores e menores taxas de inadimplência
Os dados da Serasa mostram que alguns estados estão enfrentando mais dificuldade que outros. Confira os destaques:
Maiores taxas de inadimplência:
- Distrito Federal: 40,9%
- Alagoas: 40,3%
- Pará: 39,8%
Menores taxas:
- Santa Catarina: 24,5%
- Espírito Santo: 24,8%
- Piauí: 25%
Isso mostra que a disparidade regional também impacta bastante no cenário econômico. Enquanto alguns estados conseguem manter os negócios mais saudáveis, outros estão no limite.
O que esperar daqui pra frente?
O cenário ainda é de muita incerteza. Para que a inadimplência empresarial comece a cair, é essencial que o crédito fique mais acessível, os juros baixem e haja estabilidade econômica. Enquanto isso, os pequenos empresários precisam recorrer a estratégias alternativas para manter as contas em dia, como renegociação de dívidas, gestão financeira mais rigorosa e até parcerias.
Mas uma coisa é certa: o número de empresas negativadas nunca foi tão alto, e esse dado serve de alerta para governos, bancos e empreendedores.