Fala, Investidores! Depois de quatro anos de disputa com a gigante Boeing, a Embraer finalmente anunciou o desfecho de um processo de arbitragem. Porém, a solução não foi tão animadora quanto o mercado esperava. A Embraer revelou que a Boeing vai pagar US$ 150 milhões (cerca de R$ 828 milhões), mas esse valor está abaixo das expectativas dos analistas, o que impactou diretamente o desempenho das ações da companhia brasileira.
Entenda o que aconteceu entre Embraer e Boeing
Tudo começou em 2018, quando a Embraer anunciou que estava negociando com a Boeing a venda de 80% da sua divisão de jatos comerciais. O acordo, avaliado em US$ 4,75 bilhões, também previa uma joint venture para o desenvolvimento de novos mercados e a promoção do C-390 Millennium, uma aeronave militar brasileira com grande potencial.
Em 2019, as duas companhias chegaram a um acordo, que parecia ser um grande passo para ambas. No entanto, o otimismo não durou muito. Em abril de 2020, no meio da pandemia e com problemas financeiros graves, a Boeing desistiu da compra, alegando que a Embraer não cumpriu certas condições contratuais.
A Embraer, por sua vez, afirmou que a Boeing desistiu do negócio por causa das dificuldades financeiras que enfrentava, especialmente após os acidentes com o modelo 737 Max, que abalaram a imagem e as finanças da fabricante americana. Esse rompimento levou a Embraer a iniciar um processo de arbitragem para recuperar parte do que havia sido investido na preparação do acordo, que não foi pequeno: cerca de R$ 485 milhões em 2018.
Acordo fechado, mas o valor decepcionou
Após anos de disputa, finalmente o anúncio foi feito. A Boeing concordou em pagar US$ 150 milhões para encerrar o processo. Embora pareça uma quantia significativa, o mercado esperava algo entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões, valores que incluiriam reembolsos e penalidades pelo cancelamento unilateral do acordo.
Essa decepção se refletiu no mercado: no dia do anúncio, as ações da Embraer (EMBR3) caíram cerca de 5,10% até o início da tarde, mostrando que os investidores não ficaram satisfeitos com o valor acordado. Mesmo assim, há pontos positivos a serem considerados, especialmente em relação ao fluxo de caixa e ao futuro da empresa.
Como esse pagamento pode ajudar a Embraer?
Embora o valor tenha ficado aquém das expectativas, analistas do JP Morgan e do Itaú BBA enxergam pontos positivos para a Embraer. O fluxo de caixa gerado por esse pagamento pode ser utilizado para reduzir a alavancagem financeira da empresa, o que significa que ela poderá diminuir sua dívida líquida em relação ao EBITDA ajustado para cerca de 1,8 vezes, um avanço comparado aos 2,0x apresentados no segundo trimestre de 2024.
Além disso, o JP Morgan destacou que esse pagamento não era esperado neste momento, o que faz com que o impacto financeiro imediato seja bem-vindo, mesmo que o valor seja menor do que o previsto. A expectativa é que esse alívio na dívida melhore a situação financeira da Embraer, permitindo que ela tenha mais espaço para novos investimentos e para enfrentar a concorrência no setor de aviação.
O Itaú BBA também vê um efeito positivo de longo prazo, afirmando que o acordo pode atrair mais investidores internacionais para a Embraer, que antes não prestavam tanta atenção na companhia brasileira. Além disso, o banco avalia que o momento é favorável para a Embraer, já que tanto a Boeing quanto a Airbus enfrentam desafios, o que pode abrir novas oportunidades de mercado.
Desafios à vista: a situação da Boeing
A Boeing, por outro lado, continua lidando com vários desafios nos últimos anos. A empresa ainda sofre com os efeitos dos acidentes com o modelo 737 Max, que resultaram em quedas trágicas em 2018 e 2019. Esses eventos abalaram não só a reputação da Boeing, mas também suas finanças, forçando a empresa a enfrentar inúmeros processos judiciais e a implementar medidas de segurança mais rigorosas.
Em 2023, a Boeing continuou a enfrentar dificuldades. Dois de seus aviões apresentaram falhas técnicas durante voos internacionais, e a companhia foi obrigada a realizar manutenções emergenciais. Além disso, a empresa enfrenta uma greve de funcionários, a primeira em 16 anos, o que pode prejudicar ainda mais sua produção e operações.
Diante de tudo isso, o acordo com a Embraer pode ser visto como uma tentativa de resolver um dos problemas pendentes, mas está longe de ser suficiente para solucionar todas as questões que a Boeing enfrenta no momento.
O que esperar daqui pra frente?
Apesar do valor do acordo ter sido menor do que o esperado, a Embraer ainda pode se beneficiar desse desfecho. A redução da dívida e o possível aumento de interesse de investidores estrangeiros podem dar um fôlego extra à companhia brasileira. Além disso, a Embraer tem espaço para crescer, especialmente em um cenário onde a Boeing e a Airbus enfrentam desafios.
No entanto, é importante que a Embraer continue atenta às movimentações do mercado e siga investindo em inovação e desenvolvimento de novos produtos. A parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB) para a produção do C-390 Millennium é uma grande aposta da empresa, e se bem executada, pode gerar ótimos frutos no futuro.
Por enquanto, o mercado está em alerta, e os próximos trimestres serão decisivos para mostrar se a Embraer conseguirá transformar essa situação em uma oportunidade de crescimento.