A Azul (AZUL4) está passando por momentos complicados no mercado. Em meio a incertezas sobre sua saúde financeira, mais uma agência de classificação de risco decidiu reduzir a nota de crédito da empresa. Dessa vez, foi a Moody’s que mexeu no rating da companhia aérea, o que impactou fortemente as ações da Azul na B3, a bolsa de valores brasileira.
Queda no rating: entenda o que mudou
A Moody’s divulgou que rebaixou a classificação da Azul devido a um problema importante: a empresa tem enfrentado uma série de dificuldades para manter uma boa liquidez. Além disso, a Azul tem dependido de renegociações constantes com arrendadores de aeronaves para conseguir manter as operações de forma sustentável.
Entre os novos ratings anunciados, os principais foram:
- Família Corporativa: caiu de Caa1 para Caa2, apenas dois degraus acima do nível de “calote”.
- Dívida Sênior com Primeira Garantia: passou de B3 para Caa1, três níveis acima do calote.
- Dívida Sênior Garantida da Azul Sufued Finance LLP: caiu de Caa1 para Caa2.
- Nota Sênior Não Segurada da Azul Investments LLP: foi de Caa2 para Caa3, muito próxima do nível de calote.
Essas classificações com a letra “Caa” indicam que a empresa está numa posição financeira muito delicada, com alto risco de inadimplência, e que precisa urgentemente melhorar sua situação.
O que a Moody’s apontou como problemático?
A Moody’s destacou que a Azul está com um perfil de liquidez apertado. A empresa depende de novas renegociações com seus credores e pode precisar fazer acordos de refinanciamento que, por vezes, são chamados de “trocas angustiadas”. Isso significa que a empresa está em uma situação em que, para continuar operando, precisa reestruturar suas dívidas de maneira que envolva sacrifícios financeiros.
Como está a situação das ações da Azul (AZUL4)?
Na manhã desta segunda-feira (23), as ações da Azul despencaram quase 8%, chegando a R$ 4,85, refletindo a crise de confiança dos investidores. O cenário é bem diferente do que a empresa vivia há alguns anos, e o impacto do rebaixamento do rating da Moody’s deixou a situação ainda mais instável. Desde o começo do ano, os papéis da companhia já acumulam uma queda de impressionantes 68%, o que mostra o quanto o mercado está desconfiado em relação ao futuro da empresa.
Os motivos por trás do rebaixamento
A decisão da Moody’s foi influenciada pelos resultados financeiros abaixo do esperado da Azul em 2024. Embora a companhia tenha gerado R$ 1,2 bilhão em Ebit (lucro antes de juros e impostos) no primeiro semestre, a necessidade de capital de giro elevado e as despesas altíssimas com dívidas levaram a uma queima significativa de caixa.
A empresa está altamente endividada, com pouca margem de manobra para gerar caixa livre (FCF), e essa é uma das principais preocupações da Moody’s. Além disso, a exposição da Azul ao câmbio e aos preços do combustível pesa ainda mais. Como grande parte das dívidas e dos custos da empresa são em dólar, a valorização da moeda norte-americana agrava a situação financeira da companhia.
O futuro da Azul: o que esperar?
Apesar da turbulência, a Moody’s não descarta uma melhora no futuro da Azul. A agência acredita que a companhia aérea ainda tem chance de se recuperar, especialmente se conseguir manter um caixa operacional entre R$ 3,5 bilhões e R$ 5 bilhões até 2025. Para isso, a Azul precisa continuar renegociando seus compromissos, atrasar a entrega de novas aeronaves e buscar novas formas de captação de recursos.
O grande desafio da empresa é conseguir refinanciar suas dívidas para evitar queima de caixa nos próximos anos. A demanda por voos tem aumentado, mas a Azul ainda precisa lidar com sua estrutura de capital e manter uma liquidez suficiente para atravessar esse período difícil.
Conclusão
A Azul (AZUL4) está enfrentando uma crise financeira que tem refletido diretamente no preço de suas ações e em sua classificação de crédito. O rebaixamento recente pela Moody’s e a forte queda nos papéis da empresa mostram que os investidores estão apreensivos quanto ao futuro da companhia. No entanto, ainda há esperança de que a empresa consiga ajustar suas finanças e voltar a ser competitiva no mercado.
Fique de olho, pois os próximos meses serão decisivos para o futuro da Azul e para quem investe nela.